quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ponto na vista

Hoje, numa palestra sobre Fotografia e Identidade Cultural um click foi dado em minha mente: escrever sobre minhas fotos, as identidades por mim captadas, criadas, ou a fotografia reconhecida pela identidade existente.
Penso nos últimos meses-anos de minha vida e vejo a quantidade de lugares que passei. Foram muitos! Mas o que será que deles foi ficando em mim?
Espírito Santo, Belém do Pará, Ecuador, Londrina, Perú, Bolívia, Argentina, Chile, Paraguai, São Vicente, São José dos Campos, Caruaru, Recife, Olinda, Garanhuns... São Geraldo, Araponga,Vale do Capão e mais muitas outras viagens!
A lente capta um pequeno tracejar no espaço. Mas o que será que fui captando nesses lugares? O que me disseram?
Inauguro esse exercício de significado agora. Até pra ter algo mais interessante além de minhas crises existenciais desconexas. Pelo menos agora elas terão paisagem diferente. "O nosso olhar sobre as pessoas as muda. Tudo é questão do seu ponto NA vista." O mesmo com os lugares.  

E pra começar, um olhar sobre Recife. Ou melhor o olhar de Recife sobre mim.

Lá viví durante quatro meses e pouco de minha vida. Primeira experiência de eu com meus gostos, qualidades e defeitos escancarados numa convivência comigo mesma e com outras pessoas mais intensamente. Acho que foi o início de um processo de auto conhecimento muito forte. Algo ainda aberto. Lá me deparei com uma relação amorosa a distância e outras por lá acontecendo (uma forma de amor). Algo que me revolveu a cabeça e que acabou por me acordar pra outras coisas. Coisas estas que estão aguardando solo fértil pra enfim desabrochar. Mas que me deu uma certa tranquilidade no ver a vida. O lugar realmente pode falar de amor.Aliás, Recife respira libido...

O domingo no Recife antigo me ensinou lições de independência. Algo que também estou sintonizando aos poucos. Era no domingo, com o buzú CDU-Várzea a um conto que se encontrava a alegria em bolinhas de sabão. Ah! É desses domingos que sinto falta tamanha! Na rua do Bom Jesus artesãos montavam suas barraquinhas e charmosas e o comércio rolava solto! Coisas lindas, nem tão baratas assim, mas únicas! Andando naquele corredor iluminado chegava-se na praça do Arsenal: "Alimento pra almaaaaaa!" nos recebia o artista do caleidoscópio. Entre a loucura e a sanidade não há limites definidos: um triz.  Naquele xafariz de luz se escutava a música suave do palquinho...ou as vezes nem tão suave, quando o bar de metal sobrepunha sua música. E o bar do Mamulengo com seu teatro de bonecos nem tão engraçado, mas bonito de se ver. Logo ali perto do bar do Leite Maltato e do Cine Teatro Apolo.

São tantas as ruazinhas. Becos iguais. Eu me perdia sempre. Mas era lá onde mais eu me achava.
 É difícil passar o que se sentiu num lugar. Aquelas pontes sobre o rio Capibaribe, já sujo, mas ainda apresentando resistência dos que dele sobrevivem. Mesmo que essa resistência seja algo imposto, sem opção. Há vida ainda lá! No homem caranguejo.

Recife e suas chuvas intermináveis durante alguns dias. Recife do sol quente as oito da matina. Da Tapioca da Luana, bem gordinha, das boa. Luana, trabalhadeira com o filho tocador de sanfona aos seis anos de idade: espuleta!


Hellcife com seu Pátio São Pedro-Sonoro. Com shows inesquecíveis. hellcife com seu cine São Luis, enorme, magestoso, belo.
Acho que Recife não pode ser descrito apenas com essas palavras. Vou dividir minhas percepções. Algumas fotos me ajudarão. Mas de uma vez não rola. Por agora fico apenas com a sensação de independência e de novidade que lá pude provar.

Um comentário:

  1. Pocha, vc emociona quando fala, já cheguei e vou me abuletando por aqui... me tornei seguidora, vc escrever lindamente, tão lirica... espero ouvir sobre todos os outros lugares, acompanhar seu olhar sobre o Recife foi um prazer, imagino como vai ser com os outros espaços.

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    As chuvas já se foram, agora começou nosso verão em meio a primavera, está tão quente que começo a sentir falta da chuva!!!

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