sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O fazer ciência é mesmo coisa de louco. E por toda a parte que ando tem o sujo falando do mal lavado. Os que se dizem cientistas distintos, apenas reproduzem o que criticam , só que por outro lado. Se dizem abertos ao diálogo, mas quando tem uma orientação de estudantes de graduação se fecham em suas bíblias teóricas e em seus óculos de sempre. NÃO HÁ DIÁLOGO! Mesmo no tentar fazer diferente. Não há. Não se enxerga, não se escuta. Não se entende, nem se aproxima. Essa foi a experiência que tive com a Etnociência. Alguns outros são distintos. Há professores que te escutam, que orientam, que compartilham. Dessa forma acredito que se faça o diferente, se construa algum projeto diferenciado de educação e de ciência. E não apenas no criticismo sem simetria, sem olhar pra si mesmo.

domingo, 18 de novembro de 2012

Ouvindo aqui quetinha no sofá a banda Eddie de Olinda-PE, fui lembrando de umas coisas. A música realmente tem o poder forte de rememorar-nos. E mais que tudo: a música tem poder de cura. Ouvindo Eddie me lembrei do momento que me tornei viciada pela banda, ouvia quase todo dia, sabia suas letras. E mais que isso, criei sensações próprias daquela época. Vocês tem disso? De se lembrar do que você pensava naquela época que era viciado numa tal música ou banda? Eu sim. Lembro como me portava, meus medos, onde morava, com quem me relacionava, meus desejos. E lembrei do momento ruim que vivi há dois anos e me apegava à música, ao Eddie, a Rhaissa Bittar, à Karina Buhr, a Dea Trancoso. Foi minha época de cantores nordestinos e norte mineiros. Foi minha época de descobrir a Etnobiologia. De descobrir sabores e terras norte mineiras, sua gente, sua especificidade e universalidade. Foi a época de compartilhar longas viagens de campo com pessoas desconhecidas mas que vieram a se tornar muito próximas. Foi a época de começar a morar junto com o Vinícius. De descobrirmos juntos nossos defeitos, fraquezas e de sermos honestos, ou acreditar que estávamos sendo. Mas lembrando de mim naquela época que passei uma das maiores decepções da minha vida amorosa ou de qualquer tipo de vida minha, amorosa ou não, vejo como enfrentei a situação. Primeiro, calada, aceitei a segunda chance dada. Depois, remoída, remexi, mexi, gritei, insinuei, bati, chorei. Foi um redemoinho. Depois, fomos nos aprochegando e perdooei. Mas não esqueci, ainda hoje não esqueço, mas não é mais aquela dor grande. Lembro todo dia, antes de deitar, ou qualquer outro momento. Mas é mais como algo que tenho que aceitar na minha vida, parte de minha história. Algo mais assentado. Aprendi a amar. Foi isso. Amei. E fui me amando também. Me tratei com música. Lembro de ir ao samba do bar do Marcelo sozinha. E voltar sozinha pra casa. Com olhos cheios de água, mas o peito leve. Sem conversar com ninguem. Sorrindo quando me convinha. Podia voltar na mesma hora que botasse os pés lá, mas eu tava me tratando. Era minha cura. A cura pra não ficar louca. Pra não perder a alegria de vida. Pra pesar bem as coisas. Como cabe em qualquer desilusão amorosa, ou de qualquer tipo. Me virei sozinha. Mas não de todo só. Vinícius esteve sempre presente, paciente, amoroso. Me ajudou, me entendeu. Mas a música foi a médica e a medicina. A música e a sensação de vida que ela desperta. Por isso, é bom ouvir música. Se reconhecer nela, deixar-se fluir, levar. É sempre bom se alimentar de música.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Olhos de Jardim- Parte 2



Sou de prosa, não sou de rima
Que posso fazer se sou assim desde menina?
Me reconheço nos prozares, vou construindo assim minhas histórias.
Hoje venho cantar a uns olhos.
São olhos claros, de longe, talvez.
Chegaram na minha vida e foram se adentrando.
Pedindo licença, emprumando.
E ao mesmo tempo sem nenhuma cerimônia
foram do meu querer bem se apossando.
Que mistério há nesses olhos!
O que já não viram?
Quanto já não choraram?
Olhos de pássaro, cantam
E vão me encantando com sua meninice.
Encantada estou.
 E não me canso.
Sou ninho que abraça seu pássaro.
Que cores há nesses olhos!
Quantos lugares já não coloriram?
É de cor que me enche o peito
a cada lágrima, a cada muda conversa
a cada lado compartilhado.
Verde, amarelo, terra.
Retira as flores, as revira.
Murcha folhas, as revigora.
Com toda força e pureza de chão
Chão fecundo, chão que quer todo o mundo
Flor, folha, chão:
De que são feitos esses olhos?
De estrela, de lua, de noites
De manhãs, de sonhos
Olhos decididos
Olhos amigos
Olhos do meu amado
A quem agradeço por estar do meu lado
Olhos com pragas
E com esmero
Olhos de inchada
e de marmelo
Olhos de línguas antigas
Olhos das novas
que rodopiam, rápidas
olhos de jardim
Olhos de homem
que chora
Olhos de companheiro
de olhar perdido
Olhos bandidos
que me gateiam
e me ensinam novas rimas
Assim espero, assim escolho
que sejam olhos de nosso jardim
por todo o nosso sempre, sem fim.

Olhos de Jardim- Parte 1




Chegou na minha vida como quem nada quer
querendo tudo, derrubando meu muro
dizendo coisas de homem e mulher
revirando meu futuro

Por conta de uns "olhos de jardim"
é que me encontro assim.
O que será que há nesses olhos?
o que será de mim?

Fico nesse intento
colocar em palavras este menino
Não sei o que sairá deste invento
Mas meu coração canta este hino.

Discreto, singelo e envolvente
é o segredo que esses olhos revelam
enchendo meu peito e minha mente
com as flores dessa terra por nós velam

É de um amarelo girassol
o olhar do meu amor
Mesclado com um verde espanhol
Com a força de um cantor

Deles flores crescem
Nunca me esquecerei
Das sementes que dentro de mim nascem
felizes a seu rei

Amo. Sem rima. Sem tom.
Amo. Pois nossa história é real.
É a coisa mais linda e delicada que nasceu em mim.
Mesmo com todas as más ervas que puderam desta terra brotar.
Esses olhos em mim acreditam e me ensinaram a amar.

Amo. E não sei viver com esse vazio.
Você me preenche.
Rompo florestas, encanto duentes
a seu lado, como meu bem amado.

Desse meu querer
que me faz derramar as mais puras lágrimas
ainda há muito que nascer
muitos lugares, sentires e rimas.

Porque te amo
Disso tens que saber
Mesmo no momento mais escuro
Mesmo no meio de toda desilusão
É teu meu coração.