sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Olhos de Jardim- Parte 2



Sou de prosa, não sou de rima
Que posso fazer se sou assim desde menina?
Me reconheço nos prozares, vou construindo assim minhas histórias.
Hoje venho cantar a uns olhos.
São olhos claros, de longe, talvez.
Chegaram na minha vida e foram se adentrando.
Pedindo licença, emprumando.
E ao mesmo tempo sem nenhuma cerimônia
foram do meu querer bem se apossando.
Que mistério há nesses olhos!
O que já não viram?
Quanto já não choraram?
Olhos de pássaro, cantam
E vão me encantando com sua meninice.
Encantada estou.
 E não me canso.
Sou ninho que abraça seu pássaro.
Que cores há nesses olhos!
Quantos lugares já não coloriram?
É de cor que me enche o peito
a cada lágrima, a cada muda conversa
a cada lado compartilhado.
Verde, amarelo, terra.
Retira as flores, as revira.
Murcha folhas, as revigora.
Com toda força e pureza de chão
Chão fecundo, chão que quer todo o mundo
Flor, folha, chão:
De que são feitos esses olhos?
De estrela, de lua, de noites
De manhãs, de sonhos
Olhos decididos
Olhos amigos
Olhos do meu amado
A quem agradeço por estar do meu lado
Olhos com pragas
E com esmero
Olhos de inchada
e de marmelo
Olhos de línguas antigas
Olhos das novas
que rodopiam, rápidas
olhos de jardim
Olhos de homem
que chora
Olhos de companheiro
de olhar perdido
Olhos bandidos
que me gateiam
e me ensinam novas rimas
Assim espero, assim escolho
que sejam olhos de nosso jardim
por todo o nosso sempre, sem fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Devaneie: