segunda-feira, 22 de outubro de 2012


Ah, mulher, hoje eu tenho que te confessar. Olho pra toda mulher que na passa na rua. Procuro reconhecer nela alguma outra que tive em minha cama, num dia qualquer. Suas formas, seu sorriso, seu jeito de prender o cabelo e de arrumar o decote. Confesso, eu faço isso. Na verdade não é qualquer uma que fisga meu olhar. Não acho que meu amor por ti diminua, mulher, entenda. Sou homem, gosto das formas, dos cheiros e dos arrepios.

Ah, homem, hoje eu tenho que te confessar. Adivinho cada olhar seu ao ver uma mulher passar. Prevejo seu gosto. Ilusiono histórias compartilhadas entre você e aquele par de pernas. Te imagino acariciando-lhe o corpo, sussurrando amores vãos ao seu ouvido. Confesso, eu remordo isso. Mas sei que não é qualquer uma que te encanta. Tenho meus receios de que não me vejas mais, que o amor tenha perdido esse arrepio, essas formas e aromas.

Mulher, se lembre de nós. Lembre-se dos nossos lençóis. Sim, tive muitas, poucas ficaram, agora é você. A de agora. Deste presente viver.

Homem, se lembre de nós. Quantos foram nossos lençóis! Por que esquecê-los no andar daquelas coxas? Sei que muitas hão de existir. Espero que para nós dois. Mas enquanto isso, venha e não me esqueça.

Mulher, não me entenda mal. Não tenho controle sobre meu olhar carnal. Duvido que haja homem (hétero ou homo) que tenha. São os hormônios, sabe? Homem também tem dessas coisas. Mas sempre que me apercebo do que estou fazendo, procuro desviar o olhar. Pois eu sei que você sabe. E não quero te machucar. Posso me esquecer de muitas coisas, de muitas outras que já passaram na minha vida. Mas não me esqueço do meu presente. Que é você, querida.