segunda-feira, 18 de junho de 2018

Eu sei: eu insisto. Talvez seja meu jeito ainda ensaiado de processar as coisas. E as coisas têm acontecido por demais. Eu sei: é amizade. Sentimento maior que há. Mas e como dizer pro corpo que não há mais aquele arrepio? Você lembra? Aquele do que você se gabava me fazer sentir. Percebeu quando ele se foi embora? Eu, sim. Foi ao mesmo tempo em que a confusão toda tomou mais conta da gente. Quando eu queria sem saber o que queria e você sabendo o que não queria, não quis. Podia ter sido simples como quando o arrepio foi embora. Teria sido simples se eu tivesse ouvido o arrepio ter ido... A gente escuta. A gente sabe. Só que a gente silencia. E você mesmo disse que você não toma a atitude. Diferente daquele nosso primeiro beijo. Beijo bom. Poderia mesmo nos enganar e dizer que foi tudo bom. Mas não foi não, moço. Foi não. Era eu querendo vida a dividir, mas você muito machucado não queria essa dança. Então dancei só. Do jeito que pude. Cambaleei pra te chamar a atenção das várias maneiras possíveis. Mas não deu não. Sua casca tá dura, moço. Oxi. Pena que você tá deixando ela assim. Deixa não. Amores vem e vão. Você vai ver. Você sabe. Você não vai nem perceber quando começar a sentir esse arrepio que eu senti contigo. Agora tenho que aprender a não insistir. Nessa insistência toda quem se machuca sou eu. Porque eu também sei o que não quero. Sei muito bem. Tem algumas coisas que senti estando a seu lado (será que estive?)que não quero sentir mais. Não quero essa insegurança, medo de me expor, medo de mostrar que gosto, medo... Não. Se for, vai sem medo que é melhor. Mais gostoso. Eu aprendi contigo a me conter e quando já não pude, quando transbordei de muita dor, você também transbordou. Momentos desencontrados, ou melhor, encontrados, mas cada um a sentir sua dor, a ponto de talvez realmente não sermos as melhores companhias de amor um pro outro. Os gemidos, os arrepios, as palavras sujas, unhas estarão comigo. Assim como ver seus olhos brilharem por qualquer coisa que tenha te empolgado um pouco mais, ou sentir você pegar minha mao na floricultura em desajeito e em surpresa. Sim, moço, é tudo muito confuso. Sei que a despedida é essa, já postergada, mas não sinto que tenho vontade em me despedir. A vida não é louca? Mas é um fim. Foi de alguma coisa. Que se transforme em outra. Porque não quero que você saia assim da minha vida, insisto.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Em mim todas as tristezas do mundo sangram internamente. Em que paradoxos fui me meter deliberadamente? Tenho aprendido que a causa do sofrimento é a maneira como a gente se agarra aos caminhos. É tudo não passa de um caminho, em milhões. Entra ou passa no mato. Nada mais que isso. Ter essa visão ampla da nossa pequena vida ajuda a ver é viver com menos desespero e afobamento. Porque nesses momentos em que parece que o sentimento muda, o que a gente achava que podia ser alegre, apaixonante e vivo, muda, vem uma angústia, vontade de choro e não se vê nada. Tudo é motivo pra insistir nesse caminho. E vc já andou por tantos. Já saberia dizer como olhar com menos envolvimento pra esse caminhar. Mas não é assim, apenas assim sendo. Fica tudo meio confuso no meio do mato. Ainda bem que a relação é sempre feita do outro. É que o outro as vezes está mais claro que a gente e pode por certos fins onde a gente só vê imensas continuações. É que bonito saber que os sentimentos se transformam quando a gente quer, porque é a gente que manda na nossa vida, é sim. É que a gente não perde as pessoas, porque nunca as tivemos. Mas é doído esse caminhar. Não tem como não ser. Viver é dor. Mas não é necessariamente ruim doer.