terça-feira, 28 de setembro de 2010

Buscar e manter o equilíbrio entre a Neofilia e a Neofobia-2

Casarões no Pátio São Pedro
 Singular, Tão Singular

Ó passar-se invisível pela alma da alameda de casas espaçosas
Imaginando a feição ideal dentro de cada uma!

Ir recebendo um pouco de poesia no peito
Sem lembranças do mundo, sem começo...
Chegar ao fim sem saber que passou
Tranquilo como as casas,
Cheio de aroma como os jardins.
Desaparecer.
Não contar nada a ninguém.
Não tentar um poema.
Nem olhar o nome na placa.

Esquecer.
Invisível, deixar apenas que a emoção perdure
Fique na nossa vida fresca e incompreensível
Um mistério suave alisando para sempre o coração.
Singular, tão singular...

Manoel de Barros






Casarões no Recife Antigo
 Passar pelas ruas de Recife, passeando ou não, tinha sua singularidade. Todas as ruas do centro eram mercados e todo dia era para mercantilizar. Fruta,peixe,siri,sombrinha,eletrônicos,cds, amolador de facas,calcinha... A vida era cheia de ser humano! Com todos seus ângulos e edros. Mas lá deixava-se também a ermo: " Esquecer. Não contar nada a ninguém. Não tentar um poema." Não me acostumei com essas ruas e suas direções, bifurcações, becos. Como já disse antes, sempre me perdia. E talvez de propósito. Por que não? Recife de casarões velhos coloridos com famílias de ratos enormes a enriquecer nossas tardes. Recife de gritos, de algazarra, de balbúrdia. Não há como passar por suas ruas e sair ileso. Algo fica, algo vai.


Ruas do Bairro Boa Vista- Centro
Eu, particularmente, tenho uma queda por cidades e centros antigos. Adoro casarões, adoro o velho convivendo com o novo. Tempos que se encontram e namoram. E Recife tem um centro antigo bastante grande, com conexões feitas por várias pontes sobre o grande rio Capibaribe.
Sensações únicas: misto de poesia com caos urbano.

















Pra procurar sentir um pouco mais do que tentei dizer aqui, deixo um vídeo do recifence Chico Science, "Rios pontes e overdrives". Nessa canção são citados vários bairros, inclusive alguns que conheci e viví. 


Rios Pontes E Overdrives

Nação Zumbi

Composição: Chico Science / Fred 04
Porque no rio tem pato comendo lama?
Porque no rio tem pato comendo lama?
Porque no rio tem pato comendo lama?

Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

E a lama come mocambo e no mocambo tem molambo
E o molambo já voou, caiu lá no calçamento bem no sol do meio-dia
O carro passou por cima e o molambo ficou lá

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

É macaxeira, Imbiribeira, Bom pastor, é o Ibura, Ipseb, Torreão,Casa Amarela
Boa Viagem, Genipapo, Bonifácio, Santo Amaro, Madalena, BoaVista, Dois Irmãos
É Cais do porto, é Caxangá, é Brasilit, Beberibe,CDU, Capibaribe, é o Centrão
Eu falei!

Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

E a lama come mocambo e no mocambo tem molambo
E o molambo já voou, caiu lá no calçamento bem no sol do meio-dia
O carro passou por cima e o molambo ficou lá

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue
Rios, pontes e overdrives -impressionantes esculturas de lama
Mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, mangue

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Molambo boa peça de pano pra se costurar mentira
Molambo boa peça de pano pra se costurar miséria
Molambo boa peça de pano pra se costurar mentira, mentira, mentira
Molambo boa peça de pano pra se costurar miséria, miséria, miséria

Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu
Mangroove!

Um comentário:

  1. Adorei a forma como você escreve... A internet é curiosa em relação aos encontros que viabiliza... também me perco por aqui, também sinto essa sensação quando ando pelo Recife, essa sensação de passado e presente se cruzando no meio do caos, que aliás, é a herança do passado para o presente, Recife sempre foi caotica e a tendência é continuar sendo... E as imagens que vc selecionou são um capitulo a parte, não é o que aparece nos guias turisticos e sim as que aparecem quando caminhamos pela cidade!!!

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