domingo, 29 de abril de 2018

Há ventos que chegam quentes e secos sem saber porquê e ficam, se deixam estar. Te tocam. Te mudam. Puro vento, puro movimento. Assim me chegas. E quando penso em você ainda só penso em confusão. E é bom esse pensar, não é? Não é agora que vamos querer coisas certas ou datas para comemorar. Nem damos a mão, apenas rio do seu resmungar e da sua incessante gulodice. A gente podia ser só amigo. Afagar, rir, tomar um café, fazer uma comida de vez em quando. Mas acho que os dois estamos impacientemente sem pressa. Ou seria sem perspectiva? Não, não quero cair num pessimismo, sequer sentir tristeza. Não posso, moço. Tenho muito tempo a perder mais não. Já sabes, tenho me sentido velha. Mas é que depois de tanto tempo junto como num ar de novidade não ver o já vivido? E como também não ser injusto ao se fazer isso? Somos cada um únicos. É verdade. Mas eu também fui o outro. Não, isso nem atrapalha. O que atrapalha mesmo, ou talvez nem seja um atrapalhamento, é essa vontade de fazer diferente. De viver diferente. De entender diferente. E tudo isso que seja um amar diferente. É isso, moço. Viu? Nem doeu. Nem precisa dar nome a nada. A vida lá tem nome? Nem precisa contar dia, retribuir ou marcar hora. Tamos aqui, nesse agora, caminhando cada um sua estrada, talvez com algo no meio que as junta, talvez, moço, talvez. E o talvez é bem bonito demais, não acha? Mas vamos. Experimentar sem dor, sem muito esperar, mas com muito sentir porque se encontrar no outro é o que realmente procuro e por isso, obrigada. Você tem me mostrado um lado bonito do que eu ainda tenho em mim e procuro não esquecer: o afeto. E afetar-se é isso, não é? Deixar o vento, puro movimento, seco, quente bagunçar o seu cabelo num cafuné inocente.

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