quarta-feira, 14 de outubro de 2015

de junho

Meus olhos se fecham. Tudo em mim me parece velho, antigo e conservador. Sou eu mesma a opressão. Sou eu mesma oprimida. Ninguém está disposto a ir a fundo no amor, deveras. E ele vai ser para sempre uma criança. Não amadurece, não envelhece. Amor não perde a virgindade sequer. Quando perde vira problema de família, caos e desânimo. Queria eu estar feliz. Mas não me engano. Não estou feliz. Vivo num mundo construído, um mundo de ilusão. Queria muito acreditar que duas pessoas bastam e só essas duas pessoas influenciam esse mundo. Não é assim. E quando não estamos dispostos a ir a fundo nesse mundo, alguém ou os dois saem machucados. É preciso sair de alguma forma, alguma hora. Já tinha ouvido falar que só amar não basta e parece que é verdade. Só o amor não constrói a alegria do dia a dia. Mesmo que amor envolva confiança, lealdade e comprometimento para mim. Mas o gostar ou o querer estar com o outro não basta. Não é suficiente. Pode provar algumas coisas, mas não prova tudo. Amor parece ter data de validade e não dá para pedir para trocar o produto quando vencido. Mais do mesmo não dá. Pra que tudo recomece é preciso reconhecer o fim. Pode ser com a mesma pessoa, se ela quiser. Se ela não quiser, talvez seja um sinal que a vida continua para terminar com um grande e absurdo: "Fazer o que?".


2 comentários:

  1. Fazer o que deve ser feito
    Fazer poesia.
    Dramatizar.
    E depois voltar a viver como vivem os peixes no mar, nada de querer ser tubarão.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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