terça-feira, 13 de agosto de 2013

Legião Urbana

Aquele sentimento de ouvir Legião. E que só transborda quando se ouve. É como uma cura. E ao mesmo tempo só dilacera mais. A doença? Nostalgia com uma dose de insatisfação. Insatisfação com um pingo de mais do mesmo. Tá, eu sei, tenho que ir pra frente, tentar. Mas me deixa dizer. Como pode chegar ao ponto de uma pós graduação ser tão cerceada assim? Pra que tanta dificuldade? É realmente o mundinho de cientistas. Valeria uma pesquisa etno -não- sei- o -quê sobre seus comportamentos, rituais e desejos.

Quais são os nossos desejos, afinal, ao tentar entrar no mestrado?

Já me sinto uma frustrada por pensar assim. Como se não fosse entrar, sendo que ainda nem fiz prova.
Deve ser medo. Deve ser raiva. É crise.

(Suspiro). Vim pra essa cidade tão longe de todos que conheço. Verdade é que estou conhecendo outras pessoas. Mas realmente é tudo difícil. É bonito e difícil ao mesmo tempo. É um esforço constante. A preguiça às vezes do dia seguinte faz tudo murchar, mesmo com o sol lindo. Eu fico deveras triste com esses pensamentos que já castram meu dia. Quem vê até acha que não sai nada assim de minha cabeça, com meu sorriso. Mas é mais uma tentativa minha de permanecer em pé, de me abrir. Sei quem sou, o que quero. Só não quero me perder nessa selva de pedra, e nem odiá-la.

Verdade é que Legião é um refúgio. Me leva pra um outro tempo. Me coloca no colo de minha infância e adolescência e elas me fazem cafuné nos cabelos. Não tinha nada disso. Era puro sonho. Pura possibilidade. Claro que tenho lembranças ruins, fortes, do berço. Mas eu gostava de ser quem eu era. Acho que era mais segura do que era do que sou hoje. E é engraçado isso. Minhas tardes com as plantas na segunda infância. Fazendo meus experimentos, sozinha. Interagindo com tudo. Foi minha base. Eu retribuo àquela menina que fui todos os dias, lembrando das plantas, dos bichos, das pessoas daquela época. Estão em mim.

E hoje eu olho tudo, tento ver alegria em mim quando olho tudo. Alegria que vem com cor, cheiro e música. Minha relação com as coisas é assim: pura lembrança. Tento ver que sentimento determinada coisa, ocasião pessoa, gera. E a partir daí rever uma determinada lembrança que se encaixe com aquele sentimento. E fico revendo vendo a cena. É assim que me relaciono. Só que as sensações estão mais distantes do que antes e minha memória tem ficado mais esquecida. :/
Isso me entristece.

Daí vejo um cartazinho no facebook dizendo que metade das coisas que tô sentinto agora é por estar no sistema capitalista. Faz todo sentido. É por estar subjugada aos padrões deste sistema que me sinto agora assim, meio deprimida, meio sem identidade, sozinha, incapaz e com medo. Faz todo o sentido. O que a gente tem que ter é coragem pra não deixar morrer a gota d' água e o grão de areia da nossa infância. Acho que muito dela é curador. São revolucionárias de costumes, questionadoras, sonhadoras e botam em prática o que dizem. Não é atoa que me volto à infância. Aos novos velhos tempos. Eles me lembram de que sou outra. Mais da mesma.


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