domingo, 21 de julho de 2013

Chuva, ou melhor, o pós-chuva

Queria ser como o João de Barro, ou qualquer outro pássaro. Eles sabem receber bem a chuva, pois sabem que o "pós chuva" virá e será lindo, acaetanamente falando.

Vem ela, poderosa, vibrante, desesperada lava tudo, deixa tudo revirado.
Passarinho nessa hora, deve fechar olho que nem a gente e dizer: "Agora deixa. O que há pra fazer?"

Mas diferente de mim, passarinho não reclama, nem acorda triste porque sabe que vai ter que se molhar pra ir pro trabalho.
Ele acorda e dá logo um canto de alegria, enchendo o peito, saudando o sol e seus momentos breves de secura e calor. O saúda e vai logo agora beijar o chão, a terra, conectado com tudo que é vida. Pássaro é sagrado.

Beija o chão e este lhe presenteia com as mais suculentas prendas, ainda meio absurdadas com a força da chuva do dia anterior. Eles se conectam no alimentar, passam a ser um, a ser tudo.

 Pássaro é sagrado.E paciente. Deve ser mesmo é feliz. Acordar com bom humor, não ligar pra o caos que a chuva deixou sua casa. "É assim mesmo, o que se há de fazer?"

Um dia viro pássaro. Não quero sabedoria mineral por agora, como deseja Manoel, quero mesmo é a dos pássaros. Pela humildade de fazer do barro a sua morada, sua cozinha, seu canto.

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