domingo, 18 de novembro de 2012

Ouvindo aqui quetinha no sofá a banda Eddie de Olinda-PE, fui lembrando de umas coisas. A música realmente tem o poder forte de rememorar-nos. E mais que tudo: a música tem poder de cura. Ouvindo Eddie me lembrei do momento que me tornei viciada pela banda, ouvia quase todo dia, sabia suas letras. E mais que isso, criei sensações próprias daquela época. Vocês tem disso? De se lembrar do que você pensava naquela época que era viciado numa tal música ou banda? Eu sim. Lembro como me portava, meus medos, onde morava, com quem me relacionava, meus desejos. E lembrei do momento ruim que vivi há dois anos e me apegava à música, ao Eddie, a Rhaissa Bittar, à Karina Buhr, a Dea Trancoso. Foi minha época de cantores nordestinos e norte mineiros. Foi minha época de descobrir a Etnobiologia. De descobrir sabores e terras norte mineiras, sua gente, sua especificidade e universalidade. Foi a época de compartilhar longas viagens de campo com pessoas desconhecidas mas que vieram a se tornar muito próximas. Foi a época de começar a morar junto com o Vinícius. De descobrirmos juntos nossos defeitos, fraquezas e de sermos honestos, ou acreditar que estávamos sendo. Mas lembrando de mim naquela época que passei uma das maiores decepções da minha vida amorosa ou de qualquer tipo de vida minha, amorosa ou não, vejo como enfrentei a situação. Primeiro, calada, aceitei a segunda chance dada. Depois, remoída, remexi, mexi, gritei, insinuei, bati, chorei. Foi um redemoinho. Depois, fomos nos aprochegando e perdooei. Mas não esqueci, ainda hoje não esqueço, mas não é mais aquela dor grande. Lembro todo dia, antes de deitar, ou qualquer outro momento. Mas é mais como algo que tenho que aceitar na minha vida, parte de minha história. Algo mais assentado. Aprendi a amar. Foi isso. Amei. E fui me amando também. Me tratei com música. Lembro de ir ao samba do bar do Marcelo sozinha. E voltar sozinha pra casa. Com olhos cheios de água, mas o peito leve. Sem conversar com ninguem. Sorrindo quando me convinha. Podia voltar na mesma hora que botasse os pés lá, mas eu tava me tratando. Era minha cura. A cura pra não ficar louca. Pra não perder a alegria de vida. Pra pesar bem as coisas. Como cabe em qualquer desilusão amorosa, ou de qualquer tipo. Me virei sozinha. Mas não de todo só. Vinícius esteve sempre presente, paciente, amoroso. Me ajudou, me entendeu. Mas a música foi a médica e a medicina. A música e a sensação de vida que ela desperta. Por isso, é bom ouvir música. Se reconhecer nela, deixar-se fluir, levar. É sempre bom se alimentar de música.

Um comentário:

  1. A vida em si já é uma composição musical. A cada dia damos um tom diferente, cada ação equivale a uma nota.
    E o melhor é quando juntamos nossas melodias vividas e tentamos nos harmonizar. Pode haver alguns desafinamentos de quando em vez, mas sempre tentamos criar algo que seja bonito de ouvir.
    Como diria nosso conhecido, Pedro Luis (e a Parede): A inspiração vem de onde?

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