quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cem anos de solidão.

A solidão que ela sente é destrutiva. Não é vazio o que realmente a persegue. Na verdade, é uma cheiúra. Uma cheiúra que poucos entenderam ao longo de sua vida. Se for pensar bem, ela está só. Sempre se sentiu assim. Quando tudo parece bem, sintonia entre pessoas, sentimentos estáveis, reconhecimento...de repente, vem essa cheiúra da vida toda e traz esse troço estranho de sentir no peito, de querer chorar e mais nada. Esse troço ela sentiu inúmeras vezes na sua vida e quando sente é de se jogar no travesseiro, meu nêgo, e ir lá pros cantos mais temerosos de seu coração.
Ela ainda é uma menina na frente dele. Principalmente quando vem a voz bruta, o jeito estúpido e a descrença total na sua mudança ou no fato de que é uma pessoa. No fundo ela sabe que é apenas encenação. Mas ela também sabe que já se cansou há muito tempo dessa peça. Já não há mais papel pra ela, ela não o quer.
O que ela sempre quis é mostrar que mudou, que é doce, que é feliz. Só nesses momentos ela desacredita até de sua cor e cai nesse conto de achar que ela também não vai voar.
É o último natal que ela comemora antes de ter filhas. Prometeu pra si, mesmo que ninguém mais precise verbalmente saber dessa decisão. Não irá mais colocar presentes na árvore, nem ao menos procurar um dia inteiro pelo gosto da felicidade na vitrine. Não irá mais preparar um dia todo a ceia ou esperar até a meia noite para ver o que há dentro das caixinhas.
O mistério da hipocrisia já acabou há muito tempo em sua vida.
Ela precisa é sorrir livremente. E o pior é que já está esquecendo de como é isso. Que bicho é esse?
Essa cheiúra não se encontra onde caber. E transborda. No seu fluxo vai evidenciando dores e medos pra essa menina. Ah, menina, se tu soubesses!
Somos fruto dos erros dos nossos pais, das suas escolhas. Temos como sair um pouco delas, mas se não peitamos nossos próprios passos iremos ficar a mercê do que parece ser uma vida eternamente cinza.
Por isso, menina, você vai ter muito ainda pra viver. Outros abortos, traições, desilusões, mentiras, afastamentos, incompreensões virão. E, então, tá passando da hora de colocar o nariz no mundo. E o prazo é este ano.

2012 não passará.


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