segunda-feira, 21 de novembro de 2011


A luz de fim de tarde tinha para ela um sabor inigualável. Os róseos raios de sol formavam  um só arrepio ao beijar sua pele. O momento em que sentía todo o mundo, seus fenômenos e sua vida. No ônibus, voltando de mais um dia, sentia o crescer invasor no seu corpo, era a sua conversa preferida. Muda, sonhava… pensava em liberdade, em amores, em lugares para se estar. Não, não tinha medo do fim do dia. Era como fazer amor, renascer. Não entedia de onde vinha aquela energia sensual, apenas a sabia. Sabia como de nascença, que movimiento fazer, qual a válvula para seu prazer. Sabia. E era como um delírio, uma destruição. Ia para o seu zero, cometia os maiores crimes, os setes pecados capitais, cuspia nos dez mandamentos. Mergulhava no seu mais profundo e levava todo o mundo. Lá estaba Roberto, sua mãe, o gato do vizinho. Sentia. Os papéis tinham o passado em sua essência, de nada lhe serviam. Aquela rua não era caminho algum. O amor, era velho. Sua miopía nao tinha lentes. Via! “ Não era o suficiente!”, dizia. Nunca o serei, nunca será. Reiventar! Quem sabe à maçã seja possível um pouco mais de pêssego? Quem sabe naquele escritório não caiba um pouco mais de pássaros? No ar, voar. Quem sabe no seu bom dia…quem sabe na sua dança…no seu sorriso…na sua mão? Sabia. Debruçava-se. Caía. Girava. “Somos feitos de verbos, somos feitos de vento”, regogitava. E o gosto amargo na boca a jogava no sofá. Olhos sem água na janela. Se reencontrava. Se conhecia. Se amou. “Eu sou”, bastava. Era sempre a mesma nova conclusão. O mesmo empurrão, o cuspe na cara. Era sua epilepsia. No jornal, os gols do dia. A mesma Bia?

2 comentários:

  1. Amar é acostumar-se com as loucuras do outro.
    É sentir a falta de suas manias quando se ausenta.
    =]

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Devaneie: