quarta-feira, 7 de março de 2012

Queria ter sangue de rio.
Criar enxurrada, levar a garotada pra sentir calor na chuva.
Chuva quente que molha o pé.
Essa sangria corrente em mim
conhecendo beiradas, sem muro pra por fim
arrebentaria tudo:
passado, presente, futuro.
Só ouviria falar, se um dia eu virasse sangue de rio,
pelas pedras, pelos peixes e pelo vento,
da mulher que um dia fui
dos medos que um dia nutri
dos ciúmes doentios em que me meti.
Só ouviria esse sussurrante fofocar,
acharia graça
mandaria à outra margem distante e fria
aquelas lembranças mais inúteis:
as que nunca foram minhas.
Se um dia meu sangue fosse rio
não haveria pranto
não haveria vazio.
Eu voltaria
gotejante
alegre
e tranquila
pra sua pia.

Um comentário:

  1. Esse dia há de chegar.
    Tenho fé
    forte como café,
    de que não tarda muito.
    E a tarde está quente e úmida.
    Quer sinal maior de que vais chover?
    Alegria!

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