quinta-feira, 17 de maio de 2012

À vida

A vida devia ser regada como uma plantinha. Pra ver nascer raiz, folha, flor e fruto. Saindo preguiçosamente do conforto seminal. A vida devia esquecer da terra ruim onde já germinou e aceitar a terra adubada aonde está. Seja na lata, seja no barranco, seja na mata. Qualquer lugar dá pra brotar! A vida deveria agradecer pelas suas raízes, sabendo que é apenas uma parte de si, mas investir mais na força do tronco, que traz pra cima e na vitalidade das folhas, que relacionam. A vida é verde, porque tem mau gosto e tem espinho. A vida é cor porque tem besouro pra dela se alimentar e tanino pra o paladar rejeitar. Faz parte do verde. A vida devia cultivar delicadamente suas flores, saber dar pra receber. Pra qualquer um que queira receber. Porque "mal me quer-bem me quer" é jogo de sorte. Mas também é escolha. A vida não devia se envergonhar de seus espinhos. E estar pronta para usá-los quando convier, com a sabedoria da vida de uma borboleta apreciando seu único e infinito dia. Mas a vida, mais que tudo, devia amar seus frutos, reconhecê-los, apreciá-los, sabendo que um dia eles se irão. E deles há de ficar a vida em promessa. Vida pura, vida já vivida, ciclada e revivida.

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